falhar não era uma opção

Falhar não era uma opção

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Não, falhar não era uma opção.

Nos Verões de 1989, 90 e 92 trabalhei no Chicago Board of Trade, onde era “runner“.

Isso significa que levava as ordens de compra/venda de milho, trigo, arroz, ouro, prata e outras “commodities” dos agentes que atendiam os clientes, ao telefone. Esses papelinhos tinham de ir até ao “pit“, onde os “traders” negociavam, em enorme algazarra, estes produtos.

Ir para este ambiente aos 17 anos, do Cartaxo, não foi nada fácil.

Mas moldou-me como pessoa.

Obrigou-me a sair da zona de conforto – e não foi pouco.

Tinha de empurrar (à bruta) pessoas à minha frente, dar cotoveladas, gritar-lhes “Get outta my f#ckin’ way” e fazer “whatever it takes” para meter um papelinho à frente dos olhos do trader.

Repito, falhar não era uma opção.

Demorar também não.

Principalmente quando o cliente queria comprar a “13.9” e o preço actual estava a “13.8”.

Ou quando o cliente queria vender a “12.2” e o preço era “12.5”.

Nesses momentos, era mesmo o “vale-tudo” e, uma vez, dei um encontrão tão forte a um artista que se recusava a mexer, que os óculos dele caíram no chão e partiram-se.

Gritou comigo, viu para que empresa eu trabalhava e foi reclamar com o meu chefe, exigindo que lhe pagasse os óculos. Pagaram-lhe os óculos e pensei que ia ser despedido.

Mas não.

Fui aplaudido e elogiaram a minha agressividade, porque tinha garantido um excelente negócio ao cliente, que ganhou uma pequena fortuna graças à brutalidade – e rapidez – com que enfrentei o desafio.

Essa lição ficou-me para sempre.

No final do mês recebi 500 dólares.

Gastei 100 numa NES (Nintendo Entertainment System), com a qual eu e o meu irmão (na foto) matávamos patos na televisão, mas a preto e branco, porque o sistema de vídeo americano não era 100% compatível com o europeu.

E matámos tartarugas gigantes na primeira versão do Super Mario.

Por esses dias, o deslumbramento com a América era tal que mandei emoldurar o folheto que vinha dentro da caixa da NES.

E ainda o tenho na parede.

Porque, nessa altura, até os folhetos eram emoldurados.

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