Viv’a IVI
Ora cá vão as primeiras linhas da sequela do “Tubarões Voadores”, porque parece que teremos (finalmente!) novidades nesse domínio. Espero que gostem.
Dois mil e dezoito não foi um ano espectacular só porque o bebé Rumi entrou nas nossas vidas. Foi também o ano em que a Flying Sharks furou o tecto do meio milhão de facturação, que teimosamente nos escapava desde os dias da fulgurante operação ‘Turkish Charter Delight’ de 2010. Mas este foi também o ano em que decidi voltar a agarrar nos destinos da empresa com unhas e dentes e, como tal, fiz questão de ir em todos os transportes de longo curso, sem uma única excepção. Desde um camião carregado de carapaus entregues em maio na Alemanha, ou a distribuição de chernes franceses pela Europa toda em julho, mais outro camião de cavalas entregues em França durante uma onda de calor épica, até ao transporte de raias de Istambul até Madrid, não houve traslado de peixe que me escapasse, por mais malvado e longínquo que fosse. E, modéstia à parte, os resultados estavam à vista: mortalidades positivamente nulas e uma confiança – cada vez mais – crescente por parte dos clientes e, até, da equipa, na nossa capacidade em ultrapassarmos adversidades que mandariam outros, mais fraquinhos, abaixo.
Mas nenhumas adversidades se equipararam às terríveis provações trazidas pela onda de calor do início de agosto e o transporte rodoviário de raias turcas desde a capital turca até Madrid, que merecerão um pouco de mais atenção. Por outro lado, 2018 foi também o ano em que fomos à nossa primeira consulta na clínica de fertilidade IVI, que nos viria a lançar na aventura mais louca de todos os tempos!
Foi no dia dezoito de junho, acabadinhos de regressar do mega-evento empreendedor ‘Faz Acontecer’, na lindíssima ilha Terceira, onde o André Leonardo nos mimou durante todos os segundos em que beneficiámos da sua tremenda hospitalidade. Regressados dos Açores, na primeira consulta com o doutor Samuel Ribeiro, da clínica IVI, gerou-se um clima de empatia imediato. Português, mas claramente com muito tempo de trabalho no estrangeiro, o seu inglês – necessário por causa da Nina – era absolutamente perfeito e com uma pontinha de sotaque sul-africano, o que foi curioso. Olhámos para os nossos calendários e acordámos que o procedimento de extracção dos gâmetas devia ser depois do seu regresso de férias, no início de agosto. Dados os valores envolvidos, na ordem dos vários milhares de euros, ainda fomos a uma outra consulta numa clínica da concorrência, curiosamente praticamente ao lado do stand da Lamborghini Lisboa, o que me pareceu deveras significativo. Mas admito que saímos de lá com a clara sensação de que estávamos em melhores mãos na IVI. Ainda por cima aproveitaram-se do nosso desespero e recomendaram um espermograma, que é palavrão técnico para referir que seria necessário recolher algum líquido seminal meu e verificar se tinha bicharocos viáveis.
Pois claro que expliquei ao doutor que isso me parecia altamente improvável, tendo em conta a vasectomia com mais de vinte anos em cima e uns belos milhares de actos reprodutivos que não tiveram qualquer tipo de repercussão reprodutiva. Mesmo assim o doutor insistiu que “Às vezes, restam alguns resquícios nos canais deferentes e é importante despistar isso.”
Seguríssimo de que estava a ser vítima de um golpe de cem euros, por parte de alguém que já tinha sentido que o nosso futuro não ia incluir aquele estabelecimento, lá anuí – estupidamente – e tratei da recolha da amostra, juntamente com a Nina, numa sala ao lado. A sala tinha decoração agradável, revistas temáticas e, até, um televisor que, aparentemente, estava apetrechado com cinematografia subjacente à actividade para a qual a sala fora criada. A minha estimada e esbelta esposa, de leggings pretas e verdadeiramente empenhada no projecto familiar, deu um contributo decisivo para a operação e, cem euros e uma dezena de gramas mais leve, saímos da clínica, sabendo que o resultado do espermograma seria negativo e jamais voltaríamos a lá meter os pés. Mas, pelo menos, tínhamos a segurança de saber que, daquela frente de combate, jamais resultaria um bebé.
Com essa decisão tomada, tornou-se mais necessário do que nunca meter as contas da Flying Sharks em ordem, porque ninguém quer acolher um novo ser humano com o saldo dos cartões de crédito meio descontrolados, como me acontecia ocasional, ou melhor, frequentemente.
E pronto, esta é apenas uma das MUITAS histórias que vos esperam se/quando a sequela do ‘Tubarões Voadores’ vir a luz do dia e, até lá, poderão sempre ouvi-las nas palestras que vou dando aqui e ali.

