
Artigo no CM: Ataque de Tubarão, ou de Estupidez?
Entretanto, na capa do Correio da Manhã…
Dir-se-ia que os meus esclarecimentos (ver vídeo aqui) não serviram para grande coisa…
A saber, para quem não acompanhou as notícias:
Na quarta-feira à tarde um pescador comercial, de nacionalidade indonésia, foi mordido por uma tintureira (tubarão azul, Prionace glauca) num palangreiro que pescava a 90 milhas ao largo de Vila do Conde.
Estas embarcações pescam preferencialmente espadartes, mas a quota para esta espécie é tão baixa que rapidamente passam a ter tubarões como alvo.
As tintureiras são as mais capturadas mundialmente e Portugal não é excepção.
Entretanto, é importante notar que o pescador foi mordido no barco, depois de puxar o animal para bordo.
Eu não sei qual é a vossa opinião mas, se eu me visse com um anzol espetado na boca (ou nas brânquias, ou num olho, ou na faringe, ou no estômago, tudo ocorrências comuns) e a ser puxado para fora de água, para ser recebido no convés com pauladas no focinho, acho que sou menino para mandar umas dentadas às pernas que me passassem à frente.
Foi o que aconteceu.
Agora permitam-me que partilhe quantos barcos destes, com bandeira portuguesa, existem: aproximadamente duas dúzias.
Leram bem, não é gralha.
Há algumas semanas estive numa reunião em que se discutiu o Plano de Acção para os Tubarões e Raias em Portugal.
Eu – fundador e gerente da Flying Sharks, com tudo o que isso implica – propus que a melhor (e única) medida de Protecção #efectiva é tornar Portugal num “Shark #Sanctuary“, ou seja, um local onde é proibido capturar tubarões.
As Bahamas, Maldivas e outros países já o fizeram, com #lucros de #ecoturismo imediatos e na ordem dos #biliões.
Contudo, quando propus esta medida, representantes do governo, de ONGs, de institutos de investigação e do sector das pescas ficaram caladinhos…
Uns momentos depois lá se seguiram intervenções que, de forma (mais ou menos) educada, insinuavam que eu estou maluco e não sei do que estou a falar.
A sério?
Na área “Literature” do website www.flyingsharks.eu podem descarregar (gratuitamente) as 402 páginas da minha tese de doutoramento, focada na pesca comercial de Tubarões e Raias em Portugal.
Nela traço um relato detalhado desta pesca, que captura aproximadamente 5.000 toneladas por ano, com preços por quilo que rondam o 1€, chegando aos 5€ no caso do Anequim, ou Mako, Isurus oxyrinchus.
Ou seja, a captura de Tubarões tem um valor absolutamente residual em termos económicos e mesmo em empregos.
É absurdo sonegar a um PAÍS INTEIRO a #oportunidade de se tornar num EXEMPLO MUNDIAL de CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE MARINHO meramente para proteger DUAS DÚZIAS de embarcações.
Agora venham-me falar de #economiaazul e #economiacircular…
Como se diz no Ribatejo, de onde sou: “Levas c’um pan’enxarcado nas trombas!…”
#sangue#terror#horror#audiências#jornalismo
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