Red Bull dá-te asas, mesmo quando és um parvalhão?

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No dia 7 fomos ao Red Bull Flug Tag e tive um episódio curioso, com o qual lidei de uma forma que não me é muito comum e estou interessado em ouvir os vossos comentários. 

Será que fiz bem, ou será que fui um parvalhão?

Pois bem, depois de estacionarmos as bicicletas junto ao evento e aplaudirmos os muitos malucos que se atiravam à água em maquinetas loucas (*), comprámos uma pizza pepperoni, que saboreámos na relva frequinha em frente ao terminal de cruzeiros.

(*) sabiam que eu e o Raúl, Carlos e Leonor, colegas do Oceanário, concorremos com o “Manta I” ao Red Bull Flug Tag de 2002 (?) e este vosso criado foi quem se despenhou do alto de uma plataforma assustadoramente alta na Doca dos Olivais??

Mas voltemos ao pic-nic na relva, durante o qual se abordou um tema delicado que me anda a assombrar (e sobre o qual falaremos oportunamente). Esse tema despoletou de imediato uma reacção intestinal profundamente adversa e dei por mim a olhar em volta, à procura de salvação. 

Quando li as letras gordas “Restaurante / Bar” no Terminal de Cruzeiros, caminhei rapidamente para lá, subindo os degraus para o primeiro piso dois a dois e temendo que o meu sistema de válvulas cedesse à pressão tremenda que me assaltava por dentro, qual alien incubado a querer espreitar a luz do sol.

Sendo 4 e meia da tarde, o restaurante estava completamente vazio e dirigi-me à jovem de 20 e poucos anos que passava com a esfregona no chão da entrada.

“Boa tarde, peço imensa desculpa. Mas posso usar a sua casa de banho?…”

“Não “. disse-me, com um ar petulante que, admito, me enervou.

“Quê??” deverão ter dito os meus olhos suplicantes.

“A casa de banho é só para clientes. Tem de consumir.”

Admito que NUNCA tal me disseram, mas a aflição era gritante e, por isso, respondi rapidamente “Claro que sim, mas deixe-me só usar a casa de banho e já consumo algo a seguir, ok?”

Ela disse-me que sim com os olhos e eu respirei de alívio durante três ou quatro minutos.

Contudo, o facto de o sítio estar vazio e a cara triunfante da miúda quando me disse “não”, inundaram-me da tal irritação que me levou aos próximos passos, e é aqui que preciso da vossa opinião. 

Quando saí da casa de banho, a menina estava atrás do balcão. Dirigi-me a ela e disse-lhe “Muito obrigado e boa tarde.” começando a caminhar para a saída. “Pode ser que me safe…” pensei eu.

Mas não safei.

“Olhe, desculpe!…” disse ela…

…voltei para trás com o discurso ensaiado no cubículo de porta deslizante sem tranca.

“Mas está a falar a sério?” perguntei. 

“Sim, isto não é uma casa de banho pública, e só para clientes e eu disse-lhe que tinha de consumir.”

“Oiça…” comecei “…eu tenho 52 anos e NUNCA me pediram para consumir seja o que for para usar uma casa de banho num momento claro de aflição… Peço desculpa, mas eu não lhe vou comprar nada.”

Entretanto a chefe (presumo) sentada numa mesa próxima, levantou a cabeça de uns papéis e olhou-me incrédula, como se eu tivesse proferido algo horrendo. Enquanto isso, a menina olhou-me séria e disse, com um olhar fulminante e desafiador “Ok. Vá em paz.”

E fui. Sem uma grama de sentimento de culpa porque, efectivamente, já tive dezenas de episódios similares por esse planeta fora e não menti quando disse que esta tinha sido a primeira vez que me pediram dinheiro.

E pronto. 

Que dizem?

Fui um parvalhão? Ou não?

Estou realmente curioso em conhecer o que o “barómetro social” dirá acerca disto.

Abraços!

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